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Liderança com Propósito e Visão no Feminino

Nesta edição, conversámos com Anabela Marcelino, Diretora Geral da Keta Foods e Embaixadora da Épicas Hub, uma voz inspiradora no mundo empresarial. Com um percurso marcado pela resiliência, estratégia e dedicação, a nossa interlocutora partilhou connosco a sua visão sobre o papel da liderança no contexto atual, os desafios e conquistas das mulheres no mundo dos negócios e a importância de criar redes de apoio e empowerment feminino. Uma entrevista que espelha não só a sua experiência profissional, mas também a sua paixão por transformar contextos e inspirar outras mulheres a liderar com confiança.

A liderança é muitas vezes definida por resultados, mas também por valores. Que legado acredita estar a construir como líder da KETA FOODS?
Estou a construir um legado de consistência, coragem e ação. Resultados, sim, mas com base em valores sólidos: ética, respeito, autenticidade e compromisso com as pessoas. Acredito que liderar é deixar um caminho mais claro para os que vêm a seguir, dar o exemplo com menos medo e mais verdade. Na KETA FOODS, provamos que é possível crescer e inovar com integridade. Crescemos com valores humanos, empáticos e é isso que continuamos a transmitir.

Chegar a um cargo de direção-geral sendo mulher, num panorama empresarial ainda maioritariamente masculino, é um feito notável. Sentiu que teve de provar mais do que os seus pares para ser reconhecida?
Sim. E continuo a sentir. Mas nunca me detive nisso. Trabalhei o dobro, aguentei mais pressão, lidei com olhares desconfiados, e mesmo assim avancei. Nunca me deixei consumir pela necessidade de aceitação. Preferi mostrar trabalho, resultado e consistência. O respeito veio depois. Sempre fui olhada com desconfiança, mas isso sempre me deu vontade de provar que estavam errados, homens e mulheres conseguem fazer o mesmo, e em algumas circunstâncias de forma diferente, ou seja, se é pesado, divide o peso e carrega, sempre foi assim que lidei com tudo na vida.

Na sua visão, o que distingue uma liderança eficiente e uma liderança verdadeiramente transformadora?
A eficiente cumpre metas. A transformadora muda mentalidades. Uma liderança transformadora não se limita a gerir, mas sim inspira, desafia o status quo e cria formas de pensar e fazer. É incómoda, mas necessária. E é nela que acredito. Mas é preciso uma mente aberta para estar sempre a evoluir, o que é hoje pode não ser amanhã.

Como equilibra a tomada de decisões estratégicas com a humanização da liderança, sobretudo em momentos de incerteza ou pressão?
Com frontalidade. Acredito que a transparência gera confiança. Digo a verdade à equipa, mesmo que doa. Ouço. Dou espaço para falarem. E quando chega a hora de decidir, decido, encorajo, mas sem esquecer que há pessoas por trás dos números. A pressão não justifica desumanidade. Um sorriso, estar presente e fazer parte das decisões é fundamental para que seja compreendido.

O que a inspira, diariamente, a liderar com propósito e a motivar as suas equipas a darem o seu melhor?
Saber que posso ser o exemplo que não tive. Saber que há pessoas que hoje acreditam nelas porque um dia eu acreditei. E porque gosto de ganhar, mas nunca sozinha. Gosto de ver os outros crescer. Isso dá sentido ao que faço.

Enquanto mulher e líder, sente que tem a responsabilidade acrescida de abrir caminho para outras mulheres que ambicionam cargos de topo?
Sinto, sim. E assumo essa responsabilidade com orgulho. Abro portas, puxo cadeiras, partilho palco. E exijo que venham preparadas. O caminho já foi mais difícil, mas ainda há muito por fazer. E não vai ser feito se ficarmos à espera. Eu digo às mulheres, sejam independentes, não ouçam o que não vos faz sentido, não há nada que vos impedir de o fazer, não é fácil estudar, não é fácil cuidar dos filhos sozinha, mas a vida é bem pior se não fizeres nada para mudar isso. Eu tudo que digo é porque já passei por isso, e não quero que passem por tudo que já passei, quero que passem da melhor forma, que saltem muros mais baixos, mas saltem.

A diversidade de pensamento, género e experiência é hoje um ativo para as empresas. Como promove essa diversidade dentro da estrutura da KETA FOODS e que impacto tem sentido nos resultados?
Na KETA FOODS, diversidade não é discurso, é prática. Contratamos pessoas com mais de 50 anos, misturamos gerações, cruzamos culturas. Isso obriga-nos a ouvir mais, a pensar melhor e a decidir com mais inteligência. Eu defendo as equipas mistas. Pessoas diferentes, com expetativas diferentes, aceitar essas diferenças, mas a equipa ser formada assim. Eu sou a favor de haver pessoas ambiciosas e não ambiciosas no mesmo espaço. E sim, melhora os resultados — porque traz inovação real.

É Embaixadora da Épicas Hub — uma rede que valoriza e potencia o talento feminino. O que representa para si este papel?
Representa compromisso. Com as mulheres que ainda não encontraram a sua voz, com as que duvidam de si, com as que querem chegar mais longe. Ser Embaixadora da Épicas é dizer “vamos juntas”, mas também é exigir: chega de desculpas, é tempo de agir.

Que impacto acredita que iniciativas como a Épicas Hub têm na construção de um tecido empresarial mais inclusivo?
São fundamentais. Dão visibilidade, criam rede, impulsionam talento. E pressionam o sistema a mexer-se. O mundo empresarial não muda por boa vontade — muda por influência e resultados. E estas redes mostram que o talento feminino está cá, pronto e capaz. Este movimento chega a mulheres que precisam de nós, uma frase dita um vídeo visto é capaz de transformar alguém, e esse o nosso propósito, trazer s mulheres para a ribalta, porque merecem estar onde estão os homens, não é serem melhores, é serem iguais.

Como é que, na sua experiência, o networking e a partilha entre mulheres líderes pode contribuir para a mudança estrutural nas empresas?
O networking certo quebra o isolamento. Partilhar experiências é acelerar aprendizagens. E quando várias mulheres com poder se juntam, deixam de pedir licença para mudar o que está errado. Começam a fazer. E isso transforma estruturas. Quando sabemos o que cada uma faz, podemos partilhar e juntar sinergias, de tal forma que surgem estas iniciativas de Épicas que vêm dar luz e energia a outras mulheres.

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