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Liderança e o Papel da Mulher Advogada nos Dias de Hoje

Em entrevista à Business Voice, Ana Pimenta, Fundadora e Líder do escritório Ana Pimenta Advogados, compartilha sua visão sobre o papel da mulher advogada no contexto atual e como sua liderança tem sido fundamental para o sucesso e crescimento do seu escritório. A advogada, com mais de 20 anos de experiência, discute as mudanças que tem observado ao longo de sua carreira, as barreiras superadas pelas mulheres na profissão e o impacto positivo da sua liderança na definição dos objetivos e valores do escritório. Ao longo da conversa, Ana Pimenta revela como a sua abordagem inovadora e inclusiva molda o futuro do escritório, reafirmando a importância da diversidade, da igualdade de oportunidades e da confiança no desenvolvimento das novas gerações de advogadas.

O escritório Ana Pimenta Advogados tem vindo a crescer de forma sustentada e destacada no panorama jurídico nacional. Quais considera serem os principais fatores que têm impulsionado esse crescimento? 
O crescimento do escritório tem sido impulsionado por uma combinação estratégica de especialização técnica, visão de futuro e compromisso com a inovação. Apostamos numa profunda especialização do conhecimento jurídico, o que nos permite prestar um aconselhamento altamente qualificado e orientado para os desafios reais das empresas. Mas, acima de tudo, posicionamo-nos como advogados-parceiros: não resolvemos apenas problemas, como participamos ativamente no crescimento estratégico dos negócios que assessoramos. Esta abordagem próxima, proativa e orientada para resultados tem sido um dos grandes motores do nosso crescimento sustentado. 

Acredita que a especialização em aconselhamento jurídico a líderes empresariais representa uma mais-valia diferenciadora na forma como o vosso escritório atua no mercado? Que outras valias destacaria? 
Sem dúvida. Trabalhar com líderes empresariais exige mais do que conhecimento jurídico; exige visão estratégica, capacidade de adaptação e empatia. Os nossos clientes procuram soluções eficazes, aplicáveis e ajustadas à realidade do seu negócio e é isso que oferecemos. Para além dessa especialização, destaco a estrutura ágil do nosso escritório, que nos permite responder com rapidez, sem comprometer a qualidade, e a nossa capacidade de traduzir o direito em linguagem clara, facilitando a tomada de decisão. Também criamos produtos jurídicos, nomeadamente no âmbito da gestão contratual empresarial, o que torna os nossos serviços orientados para a prevenção de riscos legais. Estas soluções permitem às empresas operar com 
maior confiança e segurança jurídica no seu dia a dia, ao mesmo tempo que reforçam a autonomia da gestão interna. A personalização, a inovação e a proximidade com o cliente são, por isso, valias que nos diferenciam no mercado. 

Enquanto Fundadora e Líder do escritório, como descreve a sua abordagem à gestão de equipas e à construção de uma cultura de excelência e proximidade com o cliente? 
Acredito numa liderança baseada na confiança, no exemplo e no compromisso com a missão do escritório. Trabalhamos num modelo colaborativo, onde cada elemento da equipa sabe que contribui para algo maior: proteger, apoiar e impulsionar os negócios dos nossos clientes. Aposto na formação contínua, na partilha interna de conhecimento e na valorização do crescimento individual. Ao mesmo tempo, cultivamos uma cultura de proximidade, tanto dentro da equipa 
como com os nossos clientes. A nossa comunicação é humana, transparente e focada em construir relações duradouras. 

Como é que concilia o rigor técnico que a advocacia exige com a sensibilidade e visão estratégica que o papel de conselheira jurídica requer junto de decisores empresariais? 
Com equilíbrio. O rigor técnico é inegociável, mas ele só faz sentido quando está ao serviço de soluções viáveis e aplicáveis. O papel da conselheira jurídica obriga-me a compreender o cenário completo (os objetivos do cliente, os desafios de mercado, a cultura da organização) e, com base nisso, propor caminhos. Esta conciliação também passa por saber escutar, por estar presente e por comunicar de forma clara. Acredito que o nosso verdadeiro valor está em transformar complexidade jurídica em clareza estratégica. 

A digitalização tem vindo a transformar o setor jurídico. De que forma tem o seu escritório integrado ferramentas digitais na prática jurídica diária e que impacto sente na relação com os clientes? 
A inovação e digitalização é parte do nosso ADN. Criámos uma aplicação própria que centraliza agendamentos, acesso a documentos, novidades e pedidos de serviços jurídicos. Apostamos em canais digitais de comunicação e na automação de tarefas internas, o que nos permite ser mais eficientes e estar mais disponíveis para o que realmente importa: o cliente. O impacto é muito positivo: os clientes sentem-se mais acompanhados, mais informados e mais autónomos na gestão das suas questões jurídicas. 

Considera que a transformação digital é hoje um requisito essencial para a competitividade dos escritórios de advocacia? Que desafios ainda persistem neste processo de adaptação? 
Sem dúvida, é um requisito essencial. A tecnologia permite-nos aumentar a nossa rapidez de resposta, otimizar processos internos e libertar tempo para nos focarmos na componente estratégica do aconselhamento jurídico. No entanto, o desafio está na mudança de mentalidade. A transformação digital exige mais do que adoção de ferramentas; exige uma nova forma de pensar o serviço jurídico, com foco na experiência do cliente e na simplificação dos processos. Persistem ainda resistências internas em muitos escritórios, falta de investimento e dificuldade em integrar a tecnologia sem perder o toque humano. Mas acredito que é possível e muito necessário operar a transformação digital no setor jurídico.  

Nos últimos anos, temos assistido a um crescimento notório do número de mulheres na advocacia. Como vê esta evolução e que significado tem para si ser parte ativa dessa mudança? 
Vejo com sentido de responsabilidade. É inspirador ver cada vez mais mulheres a ocupar lugares de decisão, a criar os seus próprios escritórios e a liderar transformações no setor jurídico. Ser parte ativa dessa mudança significa não apenas afirmar a minha presença como fundadora e líder, mas também abrir caminho, apoiar outras mulheres e mostrar que há espaço para todos os estilos de liderança, incluindo os mais empáticos, colaborativos e inovadores. 

Na sua experiência, sente que ainda existem barreiras ou preconceitos no setor jurídico relativamente ao papel da mulher? O que é preciso fazer para continuar a abrir caminho para a igualdade? 
Infelizmente, ainda existem, especialmente nos espaços mais tradicionais. A liderança feminina é, por vezes, colocada em causa ou lida com mais exigência. Para mudar isso, precisamos de continuar a mostrar resultados, mas também de ocupar espaços de visibilidade, apoiar outras mulheres e fomentar ambientes mais inclusivos. É fundamental promover o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, oferecer oportunidades iguais e valorizar diferentes estilos de liderança. A mudança começa dentro dos próprios escritórios. 

Acredita que o olhar feminino traz um valor acrescentado à advocacia moderna? De que forma a empatia, a resiliência e a capacidade de mediação podem ser trunfos decisivos no exercício da profissão? 
Mais do que uma questão de género, acredito que a advocacia moderna beneficia de profissionais que sabem aliar o conhecimento técnico à inteligência emocional, à escuta ativa e à capacidade de gerir relações humanas com sensibilidade e firmeza.  O que vejo é que muitas mulheres têm vindo a ocupar o seu espaço na profissão trazendo consigo estilos de liderança mais humanizados e conscientes, o que contribui para a diversificação de perspetivas e para a evolução do setor. Essa pluralidade de abordagens, e não uma ideia de “olhar feminino”, é que acrescenta valor e enriquece a prática da advocacia. 

Que conselhos daria a jovens advogadas que hoje iniciam a sua carreira num setor exigente, mas em transformação, e que ambicionam fazer a diferença? 
Diria que não tenham medo de fazer diferente. Que a sua autenticidade é uma força, não uma fraqueza. Que apostem no conhecimento, mas também na escuta, na curiosidade e na coragem de dizer “a minha visão é válida”. Que construam uma rede de apoio, procurem referências e não aceitem menos do que aquilo que merecem. O setor está em transformação e há espaço para quem quer inovar, colaborar e deixar uma marca. E, acima de tudo, que tenham presente que o caminho é feito passo a passo, mas que vale a pena quando se trilha com propósito.

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