“Acredito que o Cabelo espelha a Saúde global”
No universo da saúde capilar, a junção entre ciência, inovação e cuidado personalizado é cada vez mais essencial. É neste ponto de encontro que se destaca Joana Ferreira, Terapeuta Capilar especializada em tricologia clínica e Fundadora da Integrativa. Na nossa conversa, Joana Ferreira revela não apenas os segredos do cuidado capilar profundo, mas também a inspiração por trás da rubrica “Da Raiz ao Fio” — uma rubrica quinzenal que nasce da vontade de tornar a informação sobre saúde capilar mais clara, acessível e prática para todos. Um espaço onde conhecimento científico e soluções inovadoras caminham lado a lado, proporcionando uma abordagem completa e integrativa para quem quer cuidar do cabelo de dentro para fora. Prepare-se para descobrir como ciência, paixão e inovação se unem para transformar a forma como entendemos a saúde capilar.
O que a inspirou a dedicar-se à terapia capilar?
A minha inspiração nasceu da junção entre curiosidade clínica e escuta ativa. Percebi cedo que muitas queixas capilares eram tratadas apenas como estética, quando na verdade refletiam desequilíbrios internos, emocionais ou metabólicos. Esse vazio entre saúde, bem-estar e cosmética levou-me a aprofundar a tricologia clínica e a desenvolver uma abordagem integrativa. Acredito que o cabelo espelha a saúde global e que cuidar do couro cabeludo é também cuidar da pessoa.
Como surgiu o projeto INTEGRATIVA e que missão pretende cumprir?
A INTEGRATIVA nasceu da necessidade de criar um espaço onde ciência, personalização e educação estivessem ao serviço do paciente. Quis desenvolver um ambiente em que cada protocolo fosse pensado para a pessoa, e não apenas para o sintoma. Aqui valorizo diagnóstico rigoroso, acompanhamento contínuo e envolvimento ativo no processo terapêutico. A missão é clara: oferecer cuidados baseados em evidência, com sensibilidade humana e uma visão que integra corpo, mente e rotina.
De que forma nasceu o projeto “Da Raiz ao Fio” e qual o seu propósito?
O “Da Raiz ao Fio” surgiu da vontade de tornar a informação sobre saúde capilar mais clara e acessível. Havia uma grande necessidade de conteúdos simples, rigorosos e livres de mitos. A rubrica cresceu naturalmente para workshops presenciais, que aprofundam estes temas de forma prática e participativa. Em todos os formatos, o propósito é o mesmo: educar, empoderar e promover uma visão preventiva da saúde capilar.
O que é “Saúde Capilar Integrativa” e como se distingue dos métodos tradicionais?
Para mim, é olhar para o cabelo como parte da saúde global. Junta tricologia clínica, metabolismo, emoções, microbiota, sono e hábitos de vida, reconhecendo que o couro cabeludo não funciona isolado do resto do corpo. A principal diferença está no foco na causa, e não no sintoma: integramos diagnóstico detalhado, intervenção clínica e educação, aliada a mudanças de estilo de vida. É uma abordagem mais completa, personalizada e sustentável.
Quais são hoje os principais fatores que comprometem a saúde capilar?
Os fatores são múltiplos. No campo físico, surgem desequilíbrios hormonais, inflamatórios, metabólicos, défices nutricionais e má qualidade de sono. No emocional, o stress prolongado afeta cortisol, microcirculação e inflamação. No ambiente, poluição, água dura, calor excessivo, química frequente e variações térmicas alteram a microbiota e fragilizam a barreira cutânea. O que pesa é o conjunto: corpo, mente e ambiente interagem constantemente, e só uma abordagem integrativa permite tratá-los de forma eficaz.
Como a ciência e a tecnologia estão a transformar o estudo e tratamento do couro cabeludo?
A ciência tem aprofundado o entendimento do couro cabeludo como um ecossistema próprio, com microbiota, barreira cutânea e mecanismos inflamatórios específicos. O estudo da microbiota e da inflamação subclínica tem sido crucial para explicar alterações antes de serem visíveis. A tecnologia revolucionou o diagnóstico e a intervenção: tricoscopia de alta resolução, análises digitais e outras ferramentas tornam a avaliação mais rigorosa, enquanto fotobiomodulação, fitoterapia e técnicas de entrega transdérmica aumentam a eficácia terapêutica. Hoje tratamos de forma mais precoce, precisa e personalizada.
Como recupera a confiança de quem já tentou vários tratamentos e como integra o lado humano?
Tudo começa com diagnóstico aprofundado e escuta ativa. Muitas pessoas chegam frustradas por terem recebido apenas soluções superficiais, por isso é essencial mostrar um processo claro e fundamentado. Investigamos couro cabeludo, fatores internos, rotinas e histórico para compreender a causa real. A dimensão humana é igualmente central: saúde capilar envolve autoestima e identidade. Explicar cada etapa, alinhar expectativas e envolver a pessoa cria segurança. Depois, construímos um plano personalizado e progressivo, ajustando hábitos, reduzindo inflamação e fortalecendo a barreira cutânea. É a combinação entre rigor, clareza e acompanhamento próximo que devolve saúde e confiança.
Há alguma tecnologia ou ingrediente emergente que considere revolucionário?
Destaco três avanços: a fotobiomodulação, que reduz inflamação e estimula o folículo; os sistemas de entrega transdérmica, que aumentam a eficácia dos ativos; e os ingredientes biotecnológicos, como peptídeos e fatores de crescimento, que equilibram a microbiota e melhoram a densidade. Estes recursos tornaram os tratamentos mais precisos, eficazes e personalizados.
Que desafios encontra ao equilibrar personalização e escalabilidade?
O grande desafio é manter a profundidade da personalização — que é a essência da INTEGRATIVA — enquanto estruturo processos que permitam crescimento sustentável. Cada pessoa tem necessidades clínicas e emocionais únicas, e isso exige tempo e análise. O equilíbrio está em criar sistemas e protocolos bem definidos, apoiados por tecnologia e educação contínua, sem perder a dimensão humana que caracteriza o projeto. Crescer mantendo autenticidade é exigente, mas essencial.
Como surgiu o projeto “Cuidar de Raiz” e qual a sua missão?
O “Cuidar de Raiz” nasceu da necessidade de oferecer um espaço seguro e especializado para quem atravessa um processo oncológico. A queda do cabelo e as alterações da pele são vivências emocionais profundas, não apenas efeitos secundários. O projeto centra-se em cuidados estéticos seguros, suaves e adaptados à pele fragilizada, com foco na proteção da barreira cutânea e no conforto. Acima de tudo, é um espaço de empatia: um lugar onde a pessoa se sente vista, respeitada e apoiada. A missão é devolver bem-estar e dignidade num momento de grande vulnerabilidade.
Qual é a sua visão para o futuro da saúde capilar em Portugal e o papel do “Da Raiz ao Fio”?
Vejo um futuro mais científico, preventivo e integrativo, com maior valorização do diagnóstico, da tecnologia e da compreensão de fatores como microbiota e inflamação subclínica. O “Da Raiz ao Fio” pretende impulsionar este movimento, tornando a ciência acessível, combatendo mitos e promovendo escolhas informadas. Quero contribuir para uma prática capilar mais credível e baseada em evidência, e que o projeto se torne uma referência nacional em educação para a saúde capilar.