Coaching em Saúde: Redescobrir o Bem-estar

Em entrevista à Business Voice, Júlia Rocha, CEO da Júlia Rocha Integrative Health e membro da equipa Fundadora da plataforma Épicas Hub, partilha a sua visão sobre o poder transformador do Coaching em Saúde — especialmente junto de mulheres com mais de 40 e 50 anos. Com uma abordagem integrativa, a nossa entrevistada acredita que esta fase da vida pode ser um novo ponto de partida, onde o equilíbrio físico, emocional e mental se torna não só possível, mas essencial. Uma conversa inspiradora sobre autocuidado, reinvenção e saúde com propósito.
Como define o conceito de "Coaching em Saúde" e de que forma ele pode ser particularmente transformador para mulheres com mais de 40 e 50 anos?
O Coaching em Saúde é um processo colaborativo e estruturado que apoia na definição, planeamento e concretização de objetivos relacionados com o bem-estar físico, emocional e mental. No caso das mulheres com mais de 40 ou 50 anos, pode ser profundamente transformador porque este é, muitas vezes, um momento de transição, reflexão e reestruturação de prioridades. O coaching ajuda a resgatar a autonomia, clarificar valores, construir rotinas mais alinhadas com a fase de vida e lidar com os desafios da peri menopausa e menopausa, da identidade e do envelhecimento com mais confiança e propósito. Além disso, tem um papel essencial no apoio à gestão de doenças crónicas, ajudando a mulher a desenvolver estratégias práticas, melhorar a adesão a tratamentos e fortalecer a sua capacidade de autocuidado de forma contínua e empoderada.
Quais são, na sua experiência, os principais desafios de saúde física e emocional que as mulheres enfrentam ao entrar na quarta e quinta década de vida?
As mulheres enfrentam uma combinação de desafios físicos — como por exemplo, alterações hormonais, ganho de peso, distúrbios do sono, fadiga, dores articulares e questões cardiovasculares — e emocionais, incluindo ansiedade, oscilação de humor, sensação de invisibilidade, perda de propósito, ou conflitos com a própria imagem. A sobrecarga mental associada ao trabalho, à parentalidade ou ao cuidado de familiares também impacta a saúde emocional e física.
De que forma o acompanhamento integrativo que promove na Integrative Health diferencia-se de abordagens mais convencionais de saúde e bem-estar?
Na Integrative Health, promovemos uma abordagem centrada na pessoa e não na doença, considerando corpo, mente, emoções e contexto onde está inserida. A diferenciação está na escuta ativa, na cocriação de planos personalizados e na integração de práticas de diferentes áreas: coaching de saúde, nutrição, medicina natural, mindfulness, meditação, chi kung terapêutico, entre outras. Em vez de protocolos padronizados, oferecemos caminhos personalizados com acompanhamento contínuo e foco na transformação sustentável.
Como mede o sucesso de um programa de Coaching em saúde na sua prática? Pode partilhar exemplos de indicadores ou metas transformadoras que estabeleceu com clientes nesta faixa etária?
O sucesso é medido com base em metas definidas pela própria cliente — como voltar a dormir bem, iniciar uma rotina de autocuidado, melhorar a autoestima ou reduzir a fadiga. Indicadores incluem melhoria da energia, redução de sintomas físicos, ganho de consciência corporal, diminuição de episódios de ansiedade, e maior capacidade de fazer escolhas saudáveis com consistência. Um exemplo: uma cliente de 52 anos que, em três meses, deixou de tomar ansiolíticos, perdeu 6 kg de forma saudável e retomou atividades de lazer esquecidas há anos.
Na sua visão, qual o papel da mentalidade e do autoconhecimento na construção de um estilo de vida saudável e sustentável depois dos 40/50 anos?
Essenciais. A forma como pensamos e nos conhecemos molda profundamente as escolhas que fazemos. Depois dos 40 ou 50, a mulher pode olhar para esta etapa como um declínio inevitável — ou como um renascimento. O autoconhecimento permite identificar crenças limitadoras, padrões de autossabotagem e necessidades reais, abrindo espaço para decisões mais alinhadas com quem ela é hoje. Já a mentalidade influencia a motivação, a resiliência e a capacidade de se adaptar e crescer. Um estilo de vida saudável e sustentável começa na forma como nos vemos e cuidamos de nós — com compaixão, intenção, presença e compromisso. Esta fase não é o fim de nada. A mulher não está “fora de prazo” — está exatamente no tempo certo para se reinventar e florescer com consciência e liberdade.
Enquanto parte da equipa fundadora da plataforma Épicas Hub, que nasceu para apoiar mulheres 40+ e 50+, como é que este projeto se articula com a sua missão na área da saúde integrativa?
O Épicas Hub é a plataforma que nasceu como resposta às necessidades reais de mulheres nesta fase da vida, que enfrentam elevados níveis de stress, desequilíbrios físicos e emocionais, e, muitas vezes, um sentimento de solidão na liderança. É um espaço de empoderamento feminino que complementa o trabalho desenvolvido na JRIH, oferecendo uma comunidade onde o bem-estar é valorizado tanto quanto o sucesso profissional. A missão é comum: apoiar cada mulher a viver de forma plena, saudável e alinhada consigo mesma — com liberdade para cuidar de si, reencontrar o seu centro e, acima de tudo, reconhecer que tem o direito de se sentir bem na sua pele, em todas as fases da vida.
Que tipo de impacto tem sentido junto das mulheres que acompanham através da Épicas Hub? A saúde e o bem-estar surgem como temas prioritários?
Sim. Embora o Épicas Hub ainda esteja na sua fase inicial, tem vindo a reunir uma comunidade cada vez mais sólida de mulheres com percursos diversos, mas desafios profundamente comuns. Já começámos a gerar impacto real — prova disso foi o Épicas Summit, realizado no passado dia 12 de julho, onde ficou evidente que a saúde e o bem-estar são prioridades incontornáveis para muitas mulheres, seja em posições de liderança, seja em momentos de transição e reinvenção pessoal ou profissional.
Que papel acredita que comunidades femininas — como a criada pela Épicas Hub — desempenham no reforço da autoestima, da motivação e da saúde integral das mulheres maduras?
Um papel vital. As comunidades femininas oferecem pertença, inspiração, partilha segura e modelos reais de superação. Ver outras mulheres a passar por desafios semelhantes e a crescer reforça a autoestima e a motivação. Estas redes funcionam como “círculos de suporte” onde a mulher deixa de se sentir sozinha nas suas lutas e aprende novas formas de cuidar de si. A conexão cura — e comunidades conscientes têm o poder de acelerar processos de transformação.
Que tendências emergentes em saúde integrativa e bem estar feminino considera mais relevantes para os próximos anos, e como a Integrative Health e a Épicas Hub se estão a preparar para integrá-las?
Tendências como a personalização do bem-estar, a saúde hormonal e a integração de práticas mente-corpo — incluindo o coaching de saúde — estão a transformar o cuidado feminino. No coração do Épicas Hub, a mentora Sandra Pereira tem reunido mulheres empreendedoras e inovadoras, fortalecendo esta plataforma como um espaço de referência para quem procura viver com mais equilíbrio, autenticidade e consciência. Antecipar a mulher do futuro não é simples, mas uma certeza permanece: ela continuará a ser mulher — inteira nos seus ciclos, potente nos seus desafios.
Que conselhos daria a uma mulher que, ao chegar aos 50, sente que perdeu o controlo sobre o seu corpo e bem-estar, mas não sabe por onde começar?
Comece por escutar-se. O seu corpo está a comunicar — e não, você não está louca. O que sente merece atenção, não julgamento. O primeiro passo é pedir ajuda e procurar orientação que a veja como um todo: corpo, mente, emoções e história. Estabeleça pequenas metas — melhorar o sono, caminhar diariamente, reservar 15 minutos só para si. Não precisa mudar tudo de uma vez. O mais importante é reconhecer que ainda vai a tempo de recomeçar, de se reencontrar, de se cuidar com verdade. Aos 50, a vida não acaba — transforma-se. E pode, sim, ser o seu melhor capítulo, se for escrito com intenção e amor-próprio.